quarta-feira, 5 de março de 2014

Reunião é fundamental

VIVÊNCIA
REVISTA BRASILEIRA DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS Nº 75 JAN/FEV 2002
A recaída não começa no primeiro gole.
         Ela termina no primeiro gole.
Após quase dois meses sem conseguir, por motivos diversos (reais e imaginários), ir às reuniõesexclusc3a3o semanais no meu grupo, finalmente reuni força de vontade e, necessitada de dar meu depoimento, fui.
Já no banho, e mesmo antes, na cama, ponderei sobre tudo o que tinha para falar. Resumi daqui, pois geralmente o grupo é grande e nem sempre se pode falar muito, mas acrescentei acolá. Analisei meus sentimentos e minhas aflições, coloquei os fatos positivos que tinham sobrado de tudo o que me havia acontecido e que em parte haviam causado esse meu afastamento tão longo.
Enfim, o meu desabafo estava alinhavado na minha mente e ao mesmo tempo estava ansiosa para rever meus companheiros e novamente ser recebida com aquela alegria e consideração com que somos sempre recebidos nos grupos de A.A.
E qual não foi a minha surpresa quando cheguei, bem mais cedo, pois gosto de ajudar a arrumar a sala, e já encontrei lá outros companheiros felizes e atarefados, pois naquela noite dois companheiros iriam receber suas fichas e também estariam presentes representantes de vários outros grupos, da área e do escritório.
Logo percebi que não haveria de ser naquela reunião que poderia falar, principalmente com tudo o que queria desabafar. Participei, mas fiz novamente parte integrante desta Irmandade maravilhosa. Na volta para casa percebi que na realidade o que eu queria com todo aquele discurso era só fazer um pedido de socorro, era dizer: "Olhem para mim, vejam como estou sozinha e sofrendo. Fiquem com pena de mim, e se eu recair, não foi porque quis, mas sim porque me sentí fraca".
Sim, porque, com meu afastamento, a única coisa que eu iria conseguir era uma recaída, e no fundo era o que eu estava premeditando, não conscientemente, mas clara e objetivamente.
Durante dois meses cultivei dentro de mim as sementes da autopiedade, da solidão, da angústia e do medo, todas inimigas da serenidade. Deus, com sua sabedoria, me impulsionou para, ao procurar ajuda, mesmo de maneira errada, receber a bênção de ver dois companheiros num dos momentos mais gratificantes de suas vidas.
Que os fatos me sirvam de lição para que eu grave na minha mente o que tantas vezes ouvímos nas palestras e nos depoimentos: a frequência às reuniões é primordial para mantermos a nossa tão desejada sobriedade.
Assim, desejo de coração mais vinte e quatro horas de serena sobriedade para todos nós.
(Ieda B., Florianópolis/SC)
(Vivência - Jan/Fev 2002)

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