"Conheça a Literatura de Alcoólicos Anônimos para transmitir corretamente a mensagem".
5.3 UM PLANO DESCONHECIDO
Tive fé até mais ou menos a idade de treze anos, quando minha mãe faleceu e deixou-me órfão (eu perdera meu pai aos quatro anos de idade). Freqüentava a Escola Dominical e ia à igreja regularmente com minha mãe; havia me unido à igreja quando tinha doze anos. Posso me lembrar das histórias que minha mãe e os pregadores da Escola Dominical contavam a respeito de Deus, de Jesus e do Céu, e também daquelas sobre o Diabo e o Inferno.
Depois que minha mãe morreu, eu e dois irmãos mais velhos fomos morar com um casal de tios. Durante algum tempo, continuei freqüentando regularmente as cerimônias da igreja, mas não conseguia entender porque minha mãe me fora tirada e teve início em mim um sentimento de descrença; a igreja e a Escola Dominical começaram a ser negligenciadas.
Tomei meu primeiro gole no início da adolescência e o álcool esteve em mim desde aquele dia, até o dia em que ingressei em A.A. Deus e a Igreja começaram a sair de mim. Minha dúvida e minha descrença aumentaram até que, no que me dizia respeito, não existia mais nenhum Deus e nenhum Céu, nenhum Diabo e nenhum Inferno. Com a garrafa, esse tipo de raciocínio me parecia fácil e correto. Poderia ter cometido um assassinato durante um "apagamento" e não sentiria nenhuma culpa, nenhuma sensação de malefício de qualquer espécie. Não havia nenhuma forma de colocar em palavras a intensidade do meu ressentimento.
Finalmente, certo de que ninguém mais se importava comigo e percebendo que eu não me importava com mais ninguém, decidi fazer algo irreversível em relação a essa coisa chamada vida - acabar com ela. Coloquei a boca do cano de uma espingarda contra o peito e puxei o gatilho.
Quando fui levado para o hospital, os médicos disseram (soube posteriormente): "Este homem deveria estar morto há muitas horas". Vocês podem imaginar o que eles haviam chamado de homem? De acordo com os médicos e as enfermeiras, estive em coma durante dias, sem nenhuma esperança de sobrevivência. Em dados momentos, eu dava conta de mim durante um átimo de segundo e então acreditava mais uma vez no Inferno e no seu senhorio, o Diabo. Não conseguia acreditar que estivesse vivo.
Não sei quantas vezes ocorreram essa retomada da consciência e essa recaída no coma; entretanto, houve um momento em que reconheci as pessoas no quarto. Algum tempo depois, percebi que na realidade estava vivo. Um pouco mais tarde ainda, comecei a acreditar que algo maior do que eu mesmo havia assumido o controle. Àquela altura, eu não conseguia associar esse "algo" a Deus; percebia apenas alguma coisa maior. Mas poderia ter dito aos médicos e às enfermeiras que eu ia ficar bom, porque um Poder Superior a eles e a mim mesmo tinha um plano. Eu sentia que éramos apenas instrumentos desse plano, mas não tinha nenhuma idéia de qual fosse o plano. Esperava apenas que ele fosse revelado.
A.A. veio a mim na pessoa de um membro, enquanto eu estava no hospital. Depois que recebi alta, alguns AAs me levaram a um centro de reabilitação. Quando concluí o programa do centro, voltei para minha cidade natal e fui acolhido no Grupo de A.A. local. Arranjei um emprego de tempo parcial - de uma hora até um dia inteiro, conforme permitisse a minha condição física, de acordo com os conselhos médicos. Esse comportamento não se assemelhava àquele das pessoas que eu conhecera e estava completamente em desacordo comigo. Trabalho! Durante anos, tudo que eu fizera fora beber, jogar e beber, além de tudo aquilo que acontece nesse tipo de vida.
Um dia, depois de uma hora de trabalho, tive que parar. Meu patrão me levou para a casa, um clube de A.A. onde eu morava e tinha sido indicado como caseiro, e aconteceu aquilo que se segue.
Estava sentado na poltrona mais confortável disponível, olhando para os Doze Passos e as Doze Tradições em um quadro na parede, lendo e relendo-os com um pouco mais de compreensão a cada vez. O café estava começando a cheirar, como se pedisse para ser provado, e foi isso que fiz. Agora a recompensa. Algo me arrastou de volta para a poltrona e dirigiu meus olhos para os Doze Passos. Entendi a mensagem - o significado dela - como o lampejo de um relâmpago. Reconheci o Poder cuja presença havia sentido no hospital: Deus, na forma em que eu O concebia. E o plano me foi revelado: "...levar esta mensagem aos alcoólicos... praticar estes princípios em todas as minhas atividades".
Existe muita diferença entre a pessoa que não acreditava, que não tinha nenhum Deus, que queria morrer e a pessoa de hoje em dia, que veio a acreditar, que não tem medo de morrer e quer viver. Eu tenho muitas mensagens a transmitir!
Stuttgart, Arkansas
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